29 janeiro, 2009

Somos apenas caos

Como é possível viver nesse caos e só olhar para o próprio umbigo? Como chegamos ao ponto de nem ao menos olhar pro lado? Olhar para pessoas que precisam de ajuda e simplesmente ignorá-las? Será que a evolução do ser humano era pra isso? Manter um mundo dentro de nossas cabeças e simplesmente ignorar a existência de outros seres humanos?

O coletivo de ser humano é caos. Barulho, desordem, estupidez, grosseria. Buzinas, atropelamentos, xingos, tiros, dor. Só lembramos que o vizinho, o cara que pega ônibus no mesmo horário, o porteiro existem quando alguma tragédia de proporções homéricas nos arrasta para a TV. Encontrando culpados, inocentando suspeitos, linchando suspeitos na rua, choros inaudíveis devido à dor.

Às vezes eu me pergunto até quando jornais, revistas, programas de TV irão lucrar vendendo dor. Fazendo dos dramas de outrem um circo de atrações para os patéticos seres sentados imóveis e incrédulos do outro lado. Levando-os a pré-julgamentos. Sem medo, sem vergonha, sem pudor algum. Apenas se aproveitando da dor alheia para ganhar mais dinheiro. Exibindo até a exaustão imagens tristes, fazendo sensacionalismo barato, fingindo uma preocupação genuína apenas para ver o ibope crescer.

Me deixem sair desse mundo egoísta e patético. Dessa visão vil que trata tragédias pessoais como capítulos de novela. Desse sentimento capitalista de que qualquer coisa é boa o suficiente para ganhar dinheiro, mesmo que isso envolva uma criança arrastada ou uma adolescente com um tiro no peito. Me tirem dessa realidade excruciante onde as pessoas sentem prazer na dor de seu semelhante.

22 janeiro, 2009

Uma São Paulo pra chamar de minha

As férias estão acabando. Lentamente o trânsito começa a parar. Começa a dar sinais de que vai voltar sua velha e conhecida rotina. Ao longe, você já consegue ouvir as buzinas. O clima fica pesado, os motoristas começam a bufar, xingar. Lentamente voltamos a nos fechar no mundo dos fones de ouvido, livros, rádios altos e estress de todos os dias. E a cidade fica triste de novo.

O gostoso das férias é que finalmente tenho a chance de ter São Paulo pra mim. Posso ouvir o silêncio em casa (com ocasionais alarmes disparados em alguma rua da vizinhança), posso sair com apenas 20 minutos de antecedência. Posso olhar ao redor. Posso ir ao cinema e dividir um filme com apenas três ou quatro pessoas. Posso andar devagar, sem pressa. É como se nas férias até o tempo andasse mais devagar, só pra você poder aproveitar cada minuto.

São Paulo é linda. Gigantesca. E não tenho tempo de explorá-la. Trabalho, faculdade, cursos. Visitar meus pais nos finais de semana. Tudo me afasta. Nada me permite conhecer a cidade que adotei. E isso aconteceu há seis anos.

Dia desses estava vindo trabalhar. Sem prestar muita atenção no caminho. Até que algo me chamou a atenção. A falta de trânsito. E então eu pude ver edifícios lindos, que infelizmente estão degradados, simplesmente pq eu não tinha tempo. Eu não olhava pq estava sempre com pressa, sempre atrasada por conta do trânsito. E eu acordei.

Finalmente vou explorar minha cidade. Cada final de semana que ficar aqui farei um programa que nunca tenha feito. Conhecerei restaurantes novos. Bares novos. Pessoas novas. Paulistanos ou adotados como eu que não podem sair de São Paulo na sua melhor fase do ano. Na sua fase mais bonita do ano.

Daqui a alguns dias completarei 365 dias. O que eu vou fazer então?

14 janeiro, 2009

Nos dias quentes de verão...

Pode ser que eu seja estranha demais. Pelo menos com essa desculpa eu consigo entender 80% das coisas que me acontecem. Mais uma vez entrei em stand by. Pelo simples fato de que eu não tenho mais força e/ou vontade de lutar. São sempre os mesmos pensamentos, sentimentos, mood swings. Dae que eu cansei de sentir tudo isso, pela enésima vez.

Novamente chove em São Paulo depois de alguns dias quentes de verão. Voltamos ao estado de hibernação de que estamos tão comumente acostumados. Nada como a chuva pra trazer os sentimentos de todos os dias. Pq eqto o sol brilha com toda a força, uma onda de felicidade, bom humor, pensamentos positivos e sorrisos invade o corpo de todas as pessoas. Os dias passam rápido, leves e felizes. E então, a chuva volta. E o seu verdadeiro eu volta junto. E se vc for fraco como eu, coloca a si mesmo em estado de stand by, pq é realmente difícil encarar tudo outra vez.

Ontem tive dificuldades para dormir. De novo. Não por conta do calor ou da incrível chuva. Estava ouvindo Eye on Fire no IPOD e percebi que está tudo errado. Absolutamente tudo. Mas como fazer as coisas mudarem? O que eh que eu preciso mudar? Eu não tenho mais quinze anos. Faz tempo até... Mas mesmo assim, levada pelo brilho do sol, eu me deixei ter uma atitude de quinze anos. Por dez minutos eu me senti bem. Pode ser que até por um pouco mais de tempo... já que tive um rush de adrenalina a caminho do local... Então, eu encontrei o que queria e descobri que eu não posso ter. E então eu me vi de novo às voltas com sentimentos que não apareciam há muitos anos.

Por conta disso, acordei em stand by. Até conseguir descobrir o que eh que está errado e como é que vou mudar. Já vi e revi tudo e não encontro. Claramente que está bem debaixo do meu nariz, mas eu não consigo enxergar. Eu tento, mas deve ser tão óbvio que eu não consigo encontrar. Já pensei que talvez minhas atitudes estejam erradas, mas não consigo assumir um jeito diferente. Já tentei fazer as coisas diferentes, mas ai elas não ficam parecidas comigo.

Se alguém ai tiver a resposta, favor informar...

08 janeiro, 2009

Como 2009 começou!

Eu não fiz a Amy no ano novo. Não pude. Antes do show da Madonna quebrei duas costelas. Mas só descobri 11 dias depois. Você deve estar se perguntando: como pôde demorar tanto? Simples, não doía tanto assim.

Ouvi histórias e mais histórias: fulano quebrou a costela e urrava de dor. Cicrano quebrou a costela e quase morreu. Gente, na boa? Não é o fim do mundo. A não ser que sua costela quebrada perfure seu pulmão, sua vida continua. Sem nenhum problema. Ok que eu cai, senti um pouco de dor...mas não pensei realmente que algo grave havia acontecido. Tanto que fui pro show, pulei que nem louca, dancei até não ter mais pernas. Admito! Admito também que desci nove andares de escada (pq minha adorável vizinha da cobertura resolveu escoar a água de seu apartamento para o corredor...quebrando assim os dois elevadores!!), com uma mochila de aproximadamente 8 quilos nas costas...e peguei metrô lotado no dia 23 até a rodoviária do Tietê...ônibus até poços...dai volta pra sp...dai volta pra poços. E eis que dia 30 (na verdade, madrugada do dia 31) eu chego em poços quase sem respirar.

Papai me leva pro hospital e lá estão. Duas costelas quebradas! Tomo duas injeções, me interno na chácara e começo meu tratamento a base de codeína. Ou seja, sem álcool por um tempo. Sheisse. Fiquei deitada e sentada o tempo todo. Não pude pegar meus sobrinhos no colo... Não pude ajudar minha mãe. Nadinha. Li trocentos livros pra ajudar a passar o tempo.

Agora, estou no trabalho. Continuo com a codeína. E sento com uma almofada pra ficar mais confortável...na verdade, estou com ela embaixo do braço..com a costela apoiada..dói menos, apesar de quase não respirar.

Uma merda. Quebrar qualquer osso é uma porcaria. Ainda mais do jeito que eu quebrei. E descobrir como eu descobri. Mas sério, não é o final do mundo. É até divertido. As pessoas fazem tudo por você. Acho super adorável. E como não posso carregar peso, tem sempre um pra levar minha bolsa, carregar sacolas! Heh. E tenho carona pra tudo quanto é lado.

Na verdade, acho que vou quebrar mais costelas assim que essas sararem! :)

06 janeiro, 2009

Sou sempre preguiçosa...

Tá! Admito. Deveria ter postado isso há duas semanas.

Mas, se vc pensar, eu quebrei DUAS costelas antes do show da Madonna (na madrugada do dia 21) E só descobri dia 31. Sem contar que fui e voltei pra Minas no Natal e Ano Novo. Caos total. Mas estou aqui para me redimir e postar o que eu escrevi pro jornal. Divirtam-se com meu relato pós show.

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Menos de 24 horas depois do último show da turnê da diva máxima do pop, eu ainda estou um pouco passada. Minhas pernas não são mais sentidas há um tempo e eu não consigo me concentrar. Acho que me levaram pra igreja e me enfiaram dentro do sino.

Camarote VIP do Bradesco, portão 5, estádio do Morumbi. Saí de casa um pouco cedo demais, mas o medo do trânsito e a chuva insana que caia me fizeram ir mais cedo. Chego lá às 18 horas. O show está marcado para as 20 horas. Mas todos sabem que a diva só entrará as 22. Ela pode.
O camarote é puro glamour. Mas o lugar. As pessoas...bom, essas poderiam ter ficado em casa mesmo. Não sabia se estava indo para um baile de carnaval, uma festa dos anos 80 ou num show do Calypso e Falcão. Dinheiro nem sempre é tudo nesta vida. Camarote caríssimo, com pessoas mal educados, fazendo a linha blasé, emporcalhando o chão e dando muito trabalho para o staff da limpeza antes mesmo da Titia Madge começar a cantar. Pessoas que se dizem elegantes fazendo marmitinhas de chips e pãezinhos em copos de plástico e derrubando tudo no chão. Fina!

Realmente estavam ali 70 mil pessoas. Morumbi lotado. No fim das contas, apesar de ser um anão de jardim, talvez ficar no meio do povão não fosse tão ruim. Só dava eu dançando, pulando e cantando. Os finos do camarote agem de uma maneira blasé. Todos sentados fazendo a pheena. Me senti no Japão. Ninguém nem ao menos batia palmas quando ela terminava de cantar. Mas eis que eu descobri porque. Ninguém ali sabia cantar NENHUMA musica dos últimos álbuns da Diva! A não ser eu e mais duas moças, também dancantes comigo. Quando titia Madge começou a cantar as antiguidades (like a virgin e afins) ai o povo blasé deixou de sê-lo e passou a dançar e cantar. E então os pseudo-qualquer-coisa-de-status-que-o-valha se animou.

O show tecnicamente é perfeito. Muitos efeitos, vários vídeos, muita dança e o áudio impecável. Ela iniciou o show com um playback de Candy Shop, mas se redimiu na segunda musica até o fim ao vivo. Interagiu loucamente com o público brasileiro que quase ovulou de tanto gritar. Madonna pedia barulho e os fãs quase colocavam o Morumbi abaixo com palmas e gritos. O final, uma bela homenagem ao Brasil. Os dançarinos entraram sem camisa, com a bandeira do Brasil enrolada na cintura.
Mas, então, o show acaba. E volto para a realidade de São Paulo. Mal ela sai do palco e corro loucamente para fora do estádio. Procuro um táxi. Todos reservados. 70 mil pessoas e apenas 3 mil taxistas cadastrados. Catástrofe não faz jus ao que aconteceu. Entro no táxi. Meia hora pra sair do Morumbi. Cheguei em casa uma da manhã. E tenho a leve impressão de que passaram com um rolo compressor por cima de mim!