20 março, 2009

O motivo

Deve haver, em algum lugar, algum motivo para crescermos. Para perdermos a inocência e mergulhar num mar quase nunca de rosas. Um motivo realmente muito bom para perdermos o significado de uma borboleta ou simplesmente de uma nuvem no céu.

Deve haver também um motivo pelo qual somos congratulados por nos casar, ter filhos, ser alguém importante, fazer algo. Um motivo pelo qual o não casar, o não ter filhos, o ser alguém ordinário e fazer coisas ordinárias sejam passivas de pena, comiseração ou riso.

Posso supor que haja um motivo pra amar. Desejar alguém acima de qualquer coisa e muitas vezes fazer disso nossa meta. Um motivo que explique pq o mundo ao seu redor acha que vc é “desse jeito” pq não tem alguém pra chamar de seu.

Suponho também que haja um motivo para sentirmos dor. Que explique com clareza a insustentável leveza da dor. Qualquer dor seja ela física ou emocional. Dor é sempre dor. Deve haver um motivo para que isso nos leve a chorar. A ficar angustiado. A produzir radicais livres, a nos sentir impotentes. Um motivo que nos mostra pq sentir dor é o único meio de nos sentirmos vivos. Acordados.


Texto que escrevi em 2006.

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